Autor: Kiri
O mestre Naoki Urasawa (Yawara!, Happy!, MONSTER, 20th Century Boys e Pluto) volta com toda sua genialidade ao lado de seu ex-editor Takashi Nagasaki com o mangá Billy Bat, dessa vez publicado pela editora Kodansha, já que a Shogakukan, editora que publicou seus outros títulos, supostamente recusou o mangá...
Billy Bat é um thriller psicológico de suspense, começando sua história com o quadrinista Kevin (Kinji) Yamagata, que publica nos EUA o quadrinho que dá nome a série, Billy Bat. No entanto, ele descobre que na verdade sua obra é um plágio de um mangá Japonês e vai correndo ao Japão para saber mais detalhes.
Bom, já vou dar um aviso, daqui pra baixo PODE conter SPOILERS.
Pela sinopse acima imagina-se que vai ser um mangá sobre plágio, mas não é. É muito mais que isso. Kevin, ao chegar no Japão, encontra o tal Billy Bat e é aí que as coisas mudam completamente. Kevin descobre que o Billy tem vida e que é uma espécime de deus, venerado por muita gente e é uma das causas da mudança da vida de Kevin, que acaba sabendo demais e até supostamente se tornando um assassino.
Confesso que exitei um pouco ao ver o Billy Bat sendo venerado como um deus, coisa muita utilizada em 20th Century Boys com o Tomodachi, e ver o thriller de MONSTER completando a história, e pensei que seria só uma releitura fusionando os dois enredos pra fazer um mangá perfeito. Pois é, errei feio.
Tem sim grandes influências de 20th Century Boys e MONSTER, mas é do mesmo autor, então não é nada fora do normal (Hiro Mashima que o diga...), porém, é diferente. É o mangá mais "fantasioso" do mestre Urasawa, ao mesmo tempo que é um dos mais reais. Por que? Simples, se você já leu outras obras dele, conhece o estilo de narrativa, com vários personagens sendo os principais dos arcos, só que nesse ele aumenta, e muito, o nível, (e isso provavelmente é por causa do senhor Takashi Nagasaki) e para constrastar com a fantasia que é a personagem Billy Bat, eles utilizam um recurso muito conhecido, a história humana. E é fica perfeito ver personagens marcados na história como Judas, Lee Harvey Oswald e Chico Xavier, contracenando com a fantasia, conversando, interagindo e sendo manipulados. E isso é um dos pontos fortes da história, contém desde personagens conhecidos, de várias épocas diferentes, à personagens totalmente desconhecidos, como um ninja numa missão, um taxista trabalhando e um quadrinista em apuros.
Outro ponto forte é a diagramação dos quadros, que realmente fazem diferença. Temos um capítulos e meio (os primeiros, aliás) coloridos, como se fossem a própria HQ de Billy Bat, e no meio do segundo capítulo temos uma transição perfeita do HQ pro mangá, quadro por quadro, até chegar a verdadeira história que vai ser contada. Isso que dá dar liberdade pra gênios como Naoki Urasawa e Takashi Nagasaki, ousadia e genialidade é pouco pra definir esse primeiros capítulos, e o melhor de tudo: é só o começo.
A história flui naturalmente, dando até mais impacto que MONSTER em certas horas, o que realmente é difícil fazer num mangá com vários personagens principais de várias épocas, etnias e religiões diferentes.
Outro aspecto muito interessante é a filosofia, genial em horas onde os personagens discutem, por exemplo, o que é o plágio, soltando umas coisas como "Quem desenhou o copo primeiro? Quem desenhou copos depois dele plagiou ele?", nos fazendo parar pra pensar por horas (pelo menos eu perdi tempo pensando nisso).
Ver o Billy criando vida, manipulando as pessoas através dos séculos e causando uma série de incidentes que provavelmente ocasionarão no fim do mundo pode parecer meio... infantil? Idiota? Mas não é. REALMENTE DÁ MEDO. E se Billy Bat for realmente uma entidade divina? E se ele existir? Os humanos são só marionetes dele? O que nós significamos para ele? O que nós somos comparados a um deus? Por que Jesus não fez nada quando viu ele? Por que? Foi assim que minha cabeça quase explodiu lendo só os 3 primeiros volumes dessa obra-prima.
Termino esse post dizendo que Billy Bat é um ótimo mangá que só tende a melhorar (mais um 10 pro mestre Naoki Urasawa, não esquecendo o Takashi Nagasaki), e sem dúvida vai ficar marcado pra muitos e por muito tempo, enfim, li os três primeiros volumes e como já disse, minha nota é 10! Super Indicado! Mas se você não leu MONSTER ou 20th Century Boys, leia-os antes de Billy Bat, uma dica.
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